30 de nov. de 2008


No topo da alameda
Walt descansa,
sua longa barba branca,
figura alada ao vento,
roça o copo de bourbon.
Na velha gaita
ele alisa suas dores,
sinuosamente,
e desdobra o tempo
em um pedaço de tabaco.
Quanto do que vai
em um coração
pode ser vivido?
Ele ri do menino
que procura respostas
nas gavetas do dia...
não há fronteiras
para o que é livre
nem certezas,
diz a linha dedilhada,
não há pressa,
apenas a vida
no final.

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a voz que dardejou spirituals
escancara janelas
de par a par
fumaça e copos
na nervura das paredes
como visões doces
e então ela lembra,
ah, sim, lembra e disfarça
nos bolsos das mãos
as palavras que sobram
velhas histórias
que sempre voltam
cravadas
em manhãs inquietas
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terra e água
serpeiam
olhos cadenciados
assomam
entre os dedos da noite
paredes conduzem
o silenciar das chuvas
à meia-luz
um Almaviva espreita
enquanto mãos longilíneas
convidam
ao outono que cala
em ilhas distantes